Em
editorial, através do jornal O Globo, a Rede Globo de Televisão mostra-se
arrependida, considerando que “foi um erro histórico” ter apoiado a ditadura
militar.
É muito
fácil falar agora, depois de ter nascido na ditadura, inclusive violentando a
Constituição brasileira, que não permite capital estrangeiro nos veículos de
comunicação (o grupo norte americano Time Life era acionista majoritário da
Globo, e os Marinho com uma parcela mínima de ações. Depois é que compraram as
ações do grupo estrangeiro. Aliás, Roberto Marinho, primeiro, e depois Sílvio
Santos, ganharam concessões justamente por serem garotos propaganda da ditadura).
É muito
fácil falar agora, depois de ter sido a principal beneficiária da ditadura, a
ponto dos herdeiros, hoje, juntos, constituírem-se na maior fortuna do país, em
troco do silêncio e dos desmentidos sobre tortura de estudantes e trabalhadores
nos quartéis, na época da “redentora” (redimiu os interesses americanos aqui,
numa sangria de muitos e muitos bilhões de dólares).
Mas, o que
se esconde por trás dessa “humildade” da Globo?
Podemos,
mais que fazer ilações, constatar os reais motivos dessa “humildade”:
1)
Nesse momento a Tevê Globo deve, só de impostos, mais de seiscentos
milhões de reais (mais ou menos trezentos milhões de dólares), tendo recebido
667 cobranças judiciais só nos dois últimos anos, com sério risco de penhora,
concordata, pedido de falência ou cassação da concessão. Se considerarmos a
dívida de todo o conglomerado de empresas, a dívida ultrapassa os três bilhões
de reais (+ ou – um bilhão e meio de dólares), sendo que a Globopar, uma das
empresas do grupo já foi arrestada (penhorada para garantia de pagamento de
dívida);
2)
A grande vantagem da democracia é que nela as
mentiras não se sustentam. A Globo manobrou tanto, omitiu tanto, deturpou
tanto, inventou tanto, que hoje não goza da confiança nem da direita nem da
esquerda brasileiras, que a tem como uma mercenária da informação, vendendo-se
a quem tiver o cheque mais gordo. Seus comentaristas políticos, que deveriam
ser formadores de opinião, hoje são tidos como porta vozes dos patrões e dos
interesses comerciais dos patrões, sem nenhuma credibilidade, como Arnaldo
Jabour e Mírian Leitão, que pintam de negro o que o mundo todo sabe que não é
(o Brasil é o segundo país no crescimento do PIB, atrás só da China, e a Globo
não só omite como passa informações que negam isso, o que chega a ser
criminoso. Uma passeata com um milhão e duzentas mil pessoas, segundo os
observadores internacionais, experientes, e brasileiros; entre setecentas e
novecentas mil, segundo a polícia, é noticiado pela Globo como de trezentas
mil, como sórdida manobra de esvaziamento do movimento). Começa a faltar
dinheiro e todo mundo abre o bico, e começam a surgir notícias, a partir dos
próprios funcionários, que há forte censura interna, e só fica na emissora quem
se submete e faz o jogo;
3)
Por conta do dito no item anterior, a audiência
da Globo está despencando, o que se traduz na evasão de anunciantes e
“subvencionadores” por debaixo do pano, agravado pelo crescimento rápido da sua
principal concorrente, por seguir uma linha popularesca e de fundo religioso,
fazendo da divindade o seu maior agente de propaganda, além de pagamento de
impostos. A Globo amarga o próprio veneno: a Record está fazendo com ela o que
ela fez com a Tevê Rio e a Tevê Excelsior, atropeladas por ela, ou o Jornal do
Brasil, que sem ter uma televisão por trás, faliu, deixando que o jornal O
Globo monopolizasse a faixa de mercado (Roberto Marinho valeu-se de tudo, do
tráfico de influências às propinas, para impedir que o Ministério das Telecomunicações
concedesse licença para a Tevê Jornal do Brasil);
4)
Minguando a quantidade de anunciantes e
corruptores (o PSDB, por exemplo, tem como sustentar bichos miúdos, tipo Veja,
mas não tem cacife para sustentar um dinossauro do tamanho da Globo), a Globo
quer fazer as pazes com as forças políticas de oposição ao sistema, abandonando
os privatistas neoliberais para iniciar casamento com os sociais democratas,
hoje governo,e uma boa análise de conjuntura (os jornalistas lá são bons e bem
informados) mostraram que:
a)
Não há o menor interesse dos militares, nem
conjuntura externa e interna, para um golpe militar;
b)
O apoio popular à Dilma volta a crescer,
mostrando que o declínio foi temporário, por pressão da mídia e dos movimentos
de rua. Descobertas as origens desse movimento, faleceu;
c)
Dilma deverá ser reeleita, salvo se abrir mão da
candidatura, em favor de Lula.
Diante desse
quadro, a “mea culpa” da prostituta convertida porque precisa da tesouraria da
igreja.
Francisco
Costa
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